(imagem do Google)
Por
Geraldo Lima
O
celular facilitou, sem dúvida, a comunicação entre as pessoas. Longe vai o
tempo em que tínhamos que enfrentar a fila do orelhão quando, fora de casa,
precisávamos dar um telefonema. E eram grandes a ansiedade e a angústia quando,
tomados de urgência, víamos alguém enfiando uma dezena de fichas telefônicas no
aparelho e demorando uma eternidade num bate-papo descontraído. Hoje a
realidade é outra: estando na rua, cada um saca o celular e fala durante o
tempo que quiser, – ou que durarem os créditos e a bateria.
Só
que muitas pessoas, de modo obsessivo, praticamente não largam o telefone
celular. O exemplo mais visível dessa nova doença é percebido no hábito de
muitas pessoas falarem ao celular enquanto andam. E como falam! Penso que, às
vezes, nem falam: fingem falar com alguém.
Seria, em boa parte dos casos, uma maneira de a pessoa evitar o contato
com os semelhantes. Uma tática para evitar que alguém se aproxime dela e puxe
conversa. Nesse caso, o celular serviria não para estabelecer e facilitar a
comunicação entre os indivíduos, mas sim para evitá-la.
Falamos,
aqui, de um hábito que já se enraíza na nossa cultura urbana. Um hábito que se
origina no surgimento de uma nova tecnologia que alterou, de forma
significativa, nossa relação com o espaço e o tempo. Que fez com que o futuro
(visto em parte só nos filmes de ficção científica) chegasse mais rápido ao
presente. E essa nova cultura funda, indubitavelmente, um novo modo de se estar
no mundo: um ficar alheio, durante horas a fio, ao que acontece ao redor.
(Texto publicado, originalmente, no Jornal de Sobradinho)