Por Geraldo Lima
Neste 15 de
março, ficamos em casa.
Neste 15 de
março, recebemos a visita de duas amigas de longa data, e a casa se encheu de
afetos e palavras.
Neste 15 de
março, saí para comprar agrião, acelga e vagem na feira de hortifrutigranjeiros
do Colorado.
Neste 15 de
março, fui ao Plano Piloto buscar e levar uma das nossas amigas, que sofre de
câncer, e vi faixas chamando para a rua.
Neste 15 de
março, comemos yakissoba, preparado pela nossa amiga japonesa, e, entre uma garfada
e outra, recordamos nosso passado em Planaltina e alhures.
Neste 15 de
março, revimos fotografias da nossa juventude repleta de energia e sonhos, e
bateu uma nostalgia danada daquele tempo vivido já no final dos anos de chumbo.
Neste 15 de
março, minha esposa, usando o celular, fotografou fotos do álbum de uma das
nossas amigas e as postou no Face, alardeando o quanto éramos jovens e magros.
Neste 15 de
março, não liguei o televisor, nem li o Correio Braziliense, nem acessei a
página do UOL.
Neste 15 de
março, li um texto sobre o poeta e cineasta Pier Paolo Pasolini, falando da sua
angústia em relação ao cenário político da Itália da década de 1970.
Neste 15 de
março, li alguns trechos do romance “A chave de casa”, da escritora
brasileira Tatiana Salem Levy e fui transportado para Esmirna, na Turquia – ah,
o mágico poder da literatura!
Neste 15 de
março, postei um texto no Twitter e outro no Facebook criticando aos que pedem
a volta dos militares ao Poder – tentei ficar calado, mas não consegui.
Neste 15 de
março, falamos do nosso desencanto com o PT, do quanto nos sentimos frustrados
e traídos com suas derrapadas no governo, mas nem por isso marcharíamos ao lado
dos Bolsonaros da vida.
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