Por Aimé Césaire
Tudo o que da enseada se aglutinou para
formar teus seios todos os sinos de hibiscos todas as ostras perlíferas todas
as pistas embaralhadas que formam um mangue tudo o que há de sol armazenado nos
lagartos da serra todo o iodo necessário para fazer um dia marítimo toda
madrepérola necessária para desenhar um ruído de búzio subaquático
Se tu quisesses
os
baiacus à deriva iriam se dando as mãos
Se tu quisesses
ao longo de
todo o dia as forônidas fariam estradas com seus tentáculos e os
bispos seriam tão raros que a gente nem ficaria surpreso de saber que eles
foram engolidos pelos bastões dos trichomanes
Se tu quisesses
a força física
asseguraria
sozinha a noite com uma marcação de araras
Se tu quisesses
nos subúrbios que eram pobres as
rodas d’águas retornariam aos copos o perfume dos mais novos ruídos nos quais
se embriaga a terra nas suas dobras infernais
Se tu quisesses
as feras
beberiam das fontes
e em nossas
cabeças
as pátrias de
terras violentas
estenderiam
como um dedo aos pássaros a aparência
sem
tremor dos altos pinheiros.
(Tradução: Geraldo
Lima)
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