Por
Geraldo Lima
Mudar de endereço é se embrenhar num
emaranhado de situações complicadíssimas, algumas de causar desânimo e quase
desespero.
Tivemos, por força das
circunstâncias, que trocar de operadora de telefonia e de banda larga. Fiz
orçamentos dentro da "variedade" de operadoras disponíveis no mercado e
optamos, obviamente, pela que ofereceu os melhores preços e, aparentemente, os
melhores serviços.
Marcado o dia de instalação, lá estou eu à
espera dos técnicos. A tarde toda. Apareceram? Hum! Ligaram remarcando e
pedindo desculpas. Sou do tipo que acredita nas pessoas até o derradeiro
segundo. Vieram? Hum! E ficamos na espera quase uma semana, até que minha
paciência se esgotou (sou humano, ué!) e liguei para cancelar o contrato. (Isso
num sábado.) Bom, a atendente fez o jogo
dela: prometeu que naquele dia mesmo ainda iriam fazer a instalação, que ela
iria falar com o coordenador... Imaginei que esse coordenador tivesse algum
poder e confiei. Mas fui taxativo: se não me aparecerem até o meio-dia, já era!
Apareceram? Hum!
Firmamos contrato com outra operadora – por
força das circunstâncias. Parecia que estava tudo certo, até
nos telefonarem dizendo que eles (os
cancelados) não estavam liberando a tal da portabilidade, que o contrato não
havia sido cancelado... O quê?! Liguei pra tal operadora com um único propósito:
encerrar o imbróglio de uma vez por todas, por bem ou por mal (às vezes chegou
aos extremos). O atendente tentou fazer o jogo dele; eu, no entanto, estava
intransigente naquele dia, estava com a gota-serena! Ele vinha com desculpas e
promessas, e eu só dizia não! Quando
parecia que ele havia entendido de fato o meu intento, eis que me aparece com
uma história meio absurda: por obrigação, teria que me apresentar as propostas
do sistema. Mas eu só quero cancelar o contrato, meu caro!, bradei. E ele
continuou dizendo que não tinha como sem antes ouvir o que o SISTEMA tinha a me
apresentar. E foi assim que se deu o
caso: ele sumia por alguns minutos e voltava com a proposta do sistema. Coisa
tentadora. Mas eu continuava inflexível, duro, seco: Não! O atendente sumia de
novo e voltava com uma proposta ainda mais tentadora. Não!, respondia eu.
(Estava tão orgulhoso dessa minha inflexibilidade, resistindo a grandes
tentações.) Por curiosidade, queria ouvir a voz do sistema, porém só o silêncio
pulsava nesse intervalo em que o atendente mergulhava no nada. Por fim, tive a
impressão de ouvir um burburinho lá no fundo, parecia haver agora uma voz junto
ao atendente, acossando-o, instigando-o, uma voz feminina... Era essa a voz do
sistema?! Imaginei que estivessem dizendo algo como: Esse safado está querendo
é regalias, ele não quer pagar mensalidade alguma...
Quando o atendente emergiu desse
burburinho, percebi que a negociação havia chegado ao fim. Ele jogou a toalha.
Mas antes veio com aquela velha história de exaltar a operadora, que era uma pena
eu ter cancelado o contrato, pois se tratava da melhor (não me lembro se disse
a maior) prestadora de banda larga da América Latina, e blá-blá-blá... E eu,
orgulhoso da minha inflexibilidade!
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