____Tece
o mosaicontista ora tesselas imaculadas e transparentes ora o inexpugnável
breu. Com maestria tesselária, subverte a natureza das coisas, palavras, espaço
e tempo. Chegam ao paroxismo homem-quase, tamanha a capacidade artesã de
cinzelar o instante e eternizar imagens.
____O
tesselário ama a pedra, o vidro, o mármore, o granito... porque não os vê como
tal, ele os enxerga como sujeitos a serem libertos da substância primitiva.
Assim o faz Geraldo Lima, no livro Tesselário. O verbo é sua matéria-prima, e o resultado são mosaicos de rara beleza e
transcendência.
____Logo
de cara, a primeira tessela avisa cuidado. Mulher de organdi prima pela
concisão e imagens a cirandear no pensamento. Olhos abertos. Eutanásia
suspira em cinco linhas o que se tenta explicar em tratados. Já em Tesselário,
que dá nome à obra, sentimos de perto o próprio Geraldo Lima, como se
estivéssemos ao seu lado observando a angústia de sua criação.
____Terminada
a primeira parte, respire e tome fôlego. Se tiver medo do escuro, acenda a luz.
Aviso: não vá pensar que as letrinhas brancas no meio da escuridão são vestais.
É breu puro.
____Após
a leitura de Tesselário, cerro fileira junto aos leitores de Geraldo
Lima. Autor singular e polissêmico, escritor que celebra fractais como se
abraçasse o cosmo, a nós todos, os esquecidos e os que virão, infinitamente.
*Denison
Mendes é autor do livro Bonsais
Atômicos, selo 3x4 (Multifoco/RJ).
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