Por
Geraldo Lima
Que ventre mais polido logo debaixo do peito!
(Ovídio)
Restou a calcinha: preta, lycra com renda.
Peça
mínima, semiocultando.
Quase
nu frontal agora. Espelho suspenso no teto, prestes a reter a imagem móvel. O
corpo dele na expectativa, se alterando.
Ela veio vindo, contida, sem exageros. Vista assim, dir-se-ia: para ela
é a primeira vez.
Junto dele, os seios. Barriga quase nenhuma.
Por capricho, quem sabe, ela preservara a trilha de pelos. Uma estrela tatuada
logo acima do púbis apontava a direção do abismo. Talvez o gesto mais próximo fosse descer-lhe
a calcinha e tocar-lhe a parte íntima em busca de algum sinal de prazer. Sentado na cama, era só tombar de costas e
arrastá-la junto. Conteve-se. Queria estar ali, a boca rente àquele umbigo,
protelando o mistério.
Se
pedisse para dançar, por certo ela o faria. Com gemidos, unhas nas costas,
simulacro de gozo etc. etc. Cobraria mais por certas extravagâncias, tudo
informado previamente. Olhando assim, quem adivinharia ali uma profissional?
Para ele, no entanto, bastaria apenas um abraço sem o travo da grana. Se pudesse, prolongaria ainda o gozo desse
gesto.
Ela,
porém, dispensava preliminares, demonstração de afeto, corpo em brasa. Como não lhe restava nenhuma ilusão,
tombou-o, enfim, na cama. Duas imagens fundiram-se no espelho.
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