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Por Geraldo Lima
A
impressão que temos, a cada dia que passa, é que o tão propalado espírito de
civilização não passa de miragem, de utopia, de algo realmente inatingível,
tantas são as barbáries que assolam nosso cotidiano. E aqui, em terras
tupiniquins, é que a coisa parece ainda pior, e a dita civilização não prospera
mesmo. Porém, se olharmos com mais atenção, afastando um pouco o cipoal de
pessimismo, vamos descobrir, aqui e ali, algumas ações e atitudes que nos
aproximam da tão desejada cultura civilizada.
Aqui no
Distrito Federal, por exemplo, apesar das mazelas políticas e tais, o respeito
à faixa de pedestres é algo que nos deixa orgulhosos. Algo que nos dá a
sensação de estarmos pisando o chão firme e confiável de uma terra de
indivíduos civilizados. Há, certamente,
os infratores, os que fecham os olhos, pisam no acelerador e vão em frente,
dando a mínima para o pedestre. Mas esses são repudiados veementemente pela
maioria que zela por esta conquista. Vez ou outra, o passar sem atender ao
pedido do pedestre é fruto da desatenção, um lapso, mas nada que não se possa entender
ou perdoar.
O fato é
que a existência das faixas de pedestres exige de nós, motoristas e pedestres,
um pouco mais de atenção. E essa disciplina só pode nos fazer bem. O respeito à
vida do outro nos eleva cultural e espiritualmente. Já não nos encontramos no
estado natural, onde prevalece a lei do mais forte. Se vivemos na cidade, num
Estado de Direito, na Civitas, como diria Spinoza, o certo é que façamos valer
o sentido de preservação. Viver e deixar que se viva.
Parece-me
que, sem dúvida alguma, a cultura do respeito à faixa de pedestres se enraizou
entre nós. Hoje, por exemplo, durante um trânsito intenso numa das vias
públicas de Sobradinho, uma das cidades satélites de Brasília, vi uma cena
fantástica e (por que não?!) comovente. Dois cachorros chegaram junto ao
meio-fio, fizeram aquela paradinha básica para dar tempo de os carros frearem e
depois atravessaram, calmamente, sobre a faixa de pedestres. É isso, aqui até
os cães conquistaram o direito de atravessar a rua sem serem atropelados.
(Texto publicado originalmente no Jornal de Sobradinho e no Jornal Opção)
(Texto publicado originalmente no Jornal de Sobradinho e no Jornal Opção)
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