quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Posted by Picasa

Um comentário:

  1. Amigo, Geraldo, ainda que com certo atraso (o que, na Rede, é o mesmo que morte), segue pelas vias normais o comentário sobre a leitura dramática:
    Assistir à leitura dramática de "Trinta gatos e um cão envenenado" foi uma oportunidade repleta de oportunidades. Em primeiro lugar, não dava para perder um texto de Geraldo. O impacto de "Error", a cuja montagem assisti faz 22 anos, reverberou na leitura nua, despida de adereços (branca, como diz a gente do teatro). Bom ver que os personagens de Geraldo continuam a caminhar sobre o fio da navalha, acalentando demônios e exorcizando fantasmas em monólogos torturados. Acho que ele deveria escrever mais para teatro. Acho sim.

    O que se ouviu foi a leitura de peça escrita por gente grande. Texto de autor com estrada. Essa constatação levou a outra, não tão prazerosa: a de que o teatro em Brasília, que sempre viveu mal das pernas, agora assemelha-se a um titanic pós-iceberg: esperando a última onda. Já colidiu, já fez água, nada pode mudar seu destino. Foi essa a impressão que tive do teatro de nossa cidade: arrasta-se como se nada mais pudesse ser feito. Nem um jornalista presente; nem uma nota de rodapé para a leitura feita sob os auspícios da Funarte. Na platéia, a turma da resistência, cada vez mais cansada, cada vez mais encanecida.

    E sabem o que me impressionou mais? Saber que, de toda a leitura dramática, o texto de Geraldo era o único considerado teatro autoral brasiliense. Fica a impressão de que Brasília vai assistir à revoada de mais um autor para outras plagas. Porque o texto é forte e precisa alçar vôo. Porque mais um ou dois anos e vem o fecho da Trilogia iniciada em "Error" e Brasília vai se mostrar, mais uma vez, pequena demais para o tamanho de seu autor.

    Acho que mais um levanta vôo. Como se existissem aos montes. Como se um autor não fosse feito na mais velha das forjas, com a têmpera do tempo.

    ResponderExcluir