sexta-feira, 22 de julho de 2011

Panapanã


                              
Por Geraldo Lima


– É panapanã! – exclamou meu filho, olhando através do vidro da janela.

– Panapanã? – indaguei, sem atinar com o sentido da coisa.

–É, pai, panapanã é o coletivo de borboleta – esclareceu-me ele, sem arredar os olhos do bando de borboletas migratórias.

Com tantos coletivos para memorizar, fui me esquecer exatamente deste: panapanã! Ou panapaná, como prefere o Aurélio. Mas há controvérsias: para alguns esse termo não designa exatamente o coletivo de borboleta, sendo apenas um termo de origem indígena (tupi-guarani) que nomeia uma grande quantidade de borboletas em processo de migração. Que seja assim. Porém, melhor do que perder tempo com essa discussão é ganhar o dia em frente à janela assistindo a mais um espetáculo da natureza.

E que espetáculo!

Ficamos ali, pai, mãe e filho, arrebatados pelo desfile das borboletas amarelas. Algo raro de se ver em meio à agitação urbana. Uma imagem capaz de nos afastar da rotina e nos mergulhar na fantasia e no sonho.

A manhã de domingo estava começando com um espetáculo de tirar o fôlego, algo digno de ser apresentado no Fantástico mais à noite. No caso, as borboletas amarelas que brotavam de todos os lados, que surgiam às centenas, aos milhares!, como se um mágico sacasse da cartola aquela infinidade de lepidópteros. Algumas duplas passavam rente à nossa janela, outras iam longe, num voo cheio de ziguezagues. Iam em direção ao leste. Para onde, exatamente? Talvez até algum rio próximo a Planaltina. Mas quem sabe o seu destino estivesse a quilômetros daqui, em Minas Gerais, por exemplo. Há espécies de borboletas que voam longe, quilômetros e quilômetros até chegarem aos locais de recolhimento. É o caso da monarca da América do Norte. Ela voa até 4.830 km, do Norte para o Sul, no outono, para chegar ao local onde passará o inverno. Voam 2000 milhas do Canadá ao centro do México. E se preciso for, vão mais longe ainda.

Olhando assim, esses seres tão frágeis, parece impossível que sejam capazes de aventura tão radical, mas é a mais pura verdade. Creditemos isso aos muitos mistérios da Mãe Natureza que escapam à nossa compreensão, por mais que nos cerquemos de ciência e arrogância. 

Esta crônica foi publicada, originalmente, no Jornal de Sobradinho  e no Jornal Relevo nº 09 (Paraná).

segunda-feira, 11 de julho de 2011

MESA DE BAR



Por Geraldo Lima


Tinha uma garrafa de cerveja entre mim e ele — fria, indiferente a tudo. Entre mim e ele, aquela garrafa com sua armadura de isopor. Devia restar ainda meia garrafa de cerveja entre os meus olhos e os dele. Talvez menos. Ou nada, provavelmente. Ele enchia e virava um copo após o outro, pouco se importando se eu estava bebendo ou não.

Estava ali para ampará-lo, para lhe dar razão, mas, quase sem querer, eu ia desviando a minha atenção para coisas fúteis, gravando imagens como esta: a pele do isopor era azul — um azul já meio desbotado, danificado por rabiscos e pequenas escavações — e alguém gravara ali o nome e uma data qualquer. Havia também um coração trespassado por uma flecha bastante rústica, e, dramatizando ainda mais a cena, duas gotas de sangue azul-claro pendiam paralelamente em busca do nada. Pensei numa mulher já meio grogue fazendo aquele desenho, inspirando-se não no cara sentado ao seu lado, cheio de planos, todo solícito, mas no outro que lhe arruinara a vida, o quase-cafetão que lhe enchera a cara de bolachas durante muitos anos. Que história mais louca poderia ser contada a partir daquele lugar-comum!

Mais uma vez ia desviando a minha atenção, fugindo do problema, da realidade ébria e deselegante. A imaginação ia aflorando, e eu podia ver, inclusive, uma mulher passando em frente ao bar e me pôr a contar todas as flores da sua blusa antes que desaparecesse do outro lado. Uma mulher com flores na blusa acabara de passar. Ela brotou do lado direito e, ao passar, deixou escorrer uma olhadela para dentro do bar. Essa olhadela veio até mim, significativa, mas, subitamente, como se tivesse se arrependido, a mulher a recolheu à penumbra dos olhos. Insisto. Agora ela vai passar em câmara lenta, como naquela propaganda de sabonete — uma constelação de lindas mulheres flutuando ao ritmo de uma música clássica —, e vai passando, leve, as flores desprendem-se da blusa, as pétalas, rebelando-se contra o cálice, dançam demoradamente antes de chegar ao chão. Sou tomado de intensa emoção diante dessa imagem. Sinto que estou trêmulo de tanta emoção.  A beleza pode nos arrastar até o inferno!  O olhar da mulher, demorando agora uma eternidade dentro do meu, queima a minha alma e, quando ela se afasta, já não reproduz o mesmo mover brusco de asas que fogem.

Essa minha fuga repentina queria apenas barrar o progresso de algum pensamento ruim que estivesse lá no fundo, cutucando as paredes do meu crânio, louco para vir à tona.  Eu estava era desejando uma parede bem espessa, intransponível. Como eu ansiava por uma espécie de Muro de Berlim se interpondo entre mim e ele naquele instante! Havia apenas a garrafa e a fragilidade do isopor. Suas palavras então alcançaram em cheio os meus ouvidos, e eu compreendi, de uma vez por todas, que já não era mais possível ignorar a realidade.

 Palavras: radiação atômica. Contaminado, entreguei-me ao amargo da sua voz, — Aquele desgraçado está transando com a minha mulher, você entendeu?,  ele havia jogado o corpo pra frente e quase cuspia na minha cara.  Como não poderia ter entendido, se aquela era a décima vez que ele repetia aquilo? Dava até a impressão de que ele estava querendo dizer que aquele desgraçado estava transando com a minha esposa também.

Meu Deus...

Enchi os copos. A espuma, no meu, subiu até escorrer pela borda, lenta, preguiçosa. Parecia alguém chorando. Alguém se derramando, jorrando de si. Ele levou o copo até a boca e, numa talagada só, tomou tudo. Bateu o copo na mesa. Ele então veio com o copo do alto e o bateu violentamente na mesa. Vi o copo descendo vertiginoso e, instintivamente, movi-me para trás. No instante mesmo em que o copo começou a descer, antevi a miríade de cacos. O copo, intacto, ali: um milagre. O meu ainda estava cheio. A espuma se assentara; havia, em todo o líquido, uma paz, uma placidez de lago. Mas os olhos dele suplicando um comentário, um conselho, palavras que dissipassem a névoa diante deles, — Eu sei que você já me disse, mas... você tem realmente certeza do que está me dizendo? Pode ser só fofoca... a Maiara me parece incapaz de...   — Eu vi! Porra, eu vi!

Senti um calafrio. Ficar sabendo por intermédio de terceiros é uma coisa; ver, presenciar, outra bem diferente: só o esboço dessa cena terrível (sua mulher nos braços de outro, e não importa se despida ou não, o efeito é o mesmo) provoca em minha garganta uma secura tal, que imagino que morrer se assemelha a isso. Só não consigo entender como Celso vira tudo aquilo e não reagira na hora.

Fugira?

Tapara os olhos?

Desmaiara? 

— O que você fez na hora, cara?

Ele virou o copo novamente, sôfrego, o copo vazio. Seus gestos, quase inconscientes, eram frouxos e punham em perigo a frágil existência do copo.  Eu não tinha para onde me mover — ou fugir.  Virei-me para o dono do bar e fiz o gesto com o dedo indicador, pedindo mais uma. Enchi os copos. — Eu tô arrasado... Se eu mato aquele desgraçado... tô cheio de razão, não tô? Indiquei-lhe o copo cheio, ele, no entanto, ficou com aquele olhar parado, líquido, cravado em mim, o corpo indo e vindo, vez e outra pendendo para os lados. Ia voltar carregado para casa: oitenta e cinco quilos nas minhas costas. E se eu ficasse bêbado também, trocando as pernas, é que a coisa ia ficar bonita. De repente os olhos dele se estancaram lá naquela rachadura que ia do pé da mesa até a parede. A rachadura serpenteava da parede até o pé da mesa. A rachadura era um aleijão indo do pé da mesa até os limites da parede. Da parede até o pé da mesa, aquele esboço de precipício... Ah, eu poderia ficar nessa brincadeira a tarde toda, nesse vai e volta sem fim. Mas o que ele realmente estava vendo ali? Uma cicatriz?  De modo que a rachadura estava lá, e os olhos dele também. Uma rachadura que ia do piso até os olhos, dos olhos ao coração, do coração ao nada...

Estávamos fugindo. 

Até então ele não tocara no copo de cerveja, e eu não quis interromper o seu repouso, a sua distração, e aquilo ficaria como desculpa por eu não mover nenhuma palavra de dentro de mim que fosse capaz de consolá-lo. Eu precisava dizer algo, mas o quê? E como dizê-lo? Sempre fui uma lástima nessa coisa de consolar amigos. Se eu chego a um velório, fico ali, em volta, me esquivando, rodeando sem saber como me aproximar dos parentes do falecido e lhes dirigir um “aceitem os meus pêsames”. Qualquer coisa que eu diga me parece extremamente idiota. Virei o último gole e, como não tinha nada mais importante a fazer, fiquei batendo com a quina do copo na mesa. Esse ruído trouxe o meu amigo de novo à tona. E com ele a comoção. O drama. O aperto na garganta.

— O que está me deixando mais desgraçado da vida é que um amigo... porque aquele miserável se dizia meu amigo... seu amigo também, tá me entendendo? Nosso amigo... um filho da puta daquele... abri a porta da minha casa pra ele... você também... é bom ficar esperto... e ele me faz uma desfeita dessas...

 — Onde foi que você viu os dois? Foi na sua casa? na rua? num...

 — Não importa onde foi, porra... Pra mim, mulher de amigo meu é homem, tô certo ou não tô? Confiamos nele, não confiamos? Então?

Daquele jeito eu realmente não poderia aconselhá-lo, se ele estava a todo instante querendo me fazer ver que eu também poderia estar em perigo, que a segurança do meu lar havia sido violada também pela ingratidão de um “amigo”. Ia lhe dizer para me deixar fora daquilo, que eu confiava na minha esposa. Ia dizer, mas não disse, pois me faltava a segurança, a firmeza, a certeza absoluta. Senti um aperto no coração, um princípio de vertigem: pensava no nosso “amigo” e via claramente nele a capacidade de seduzir até os mortos. Desde o princípio sabíamos disso, no entanto, ingenuamente, confiamos nele. E como geralmente estávamos longe de casa, tomando umas e outras... 

Como era possível a esposa de Celso, tão pacata, com seus olhos de anjo, dona de casa exemplar (eu seria capaz de pôr minha mão no fogo por ela), ter feito uma coisa daquela? Custava-me acreditar naquilo. A minha, mais fogosa (e a palavra “fogosa” aqui me causa arrepios), tinha sua vida apenas de casa para o trabalho, do trabalho para casa, a não ser que...

Era isto que eu temia: essas conjecturas, esse mover-se por entre espinhos, esse antecipar-se aos fatos. O veneno da desconfiança. Fraqueza e dor. Por onde o Davi andava naquele exato momento? Veio-me então a imagem destruidora: ele chegando à minha casa, tocando a campainha; enquanto aguarda que a minha esposa venha abrir a porta (o calhorda sabe direitinho que não estou em casa!), ajeita o cabelo, a gola da camisa e, assim que ela abre a porta, ele sorri — o mais lascivo dos sorrisos, dentes e desejo expostos —, e tudo fica claro, uma claridade que me cega, e, como um canal de TV que sai do ar, fica tudo chuviscando à minha frente. Não vejo mais nada. Não quero ver mais nada!

— É uma merda mesmo, cara! Então aquele filho da puta fez isso com você, Celso? Fez isso com um amigo... Então, imagine o que ele não é capaz de fazer com um inimigo, hein? Ergui os olhos para encontrar nos olhos dele a mesma chama de indignação, o mesmo lampejo de morte, mas deparei com o vazio. Ele se debruçara sobre a mesa. —Tá chorando, Celso?  Ergueu a cabeça bamba, o olhar embaçado, — Se eu matar aqueles dois, tô cheio de razão, não tô? Tanta coisa que eu poderia lhe dizer naquela hora, mas me faltava convicção, aquela mesma que, em outros tempos, não me deixaria vacilar ao dizer-lhe: — É uma questão de honra, né, cara? Ninguém vai te condenar por isso.  Mas não lhe disse nada, não valia a pena lhe dizer coisa alguma. Eu nem estava raciocinando direito.

 Silêncio incômodo. Vontade de sair correndo, voltar logo pra casa.  — Diz pelo menos que eu devo dar um tiro no meu ouvido... qualquer coisa, caralho!  Lembrei-me então de Capitu, de Ema Bovary, de uma prima que traíra o marido aparentemente sem motivo algum, por pura sacanagem.  Poderia lhe falar sobre aquilo, mas literatura naquele momento não encaixava muito bem. E em que a suposta sacanagem da minha prima poderia ajudá-lo?

De repente bateu-me uma moleza, uma melancolia meio besta, me senti fraco como Bentinho, um merda como Carlos Bovary, um sujeito sem atrativos como o ex-marido da minha prima, como todos os tipos bonzinhos, supercorretos — e frouxos. O Celso não ia sair daquela lengalenga, não ia ter coragem mesmo de dar tiro em ninguém.

— Nós somos uns bostas, Celso.

Ele ficou me olhando assim com aquele olhar bêbado, arrasado, não sei se concordando ou se indagando que diabos eu queria dizer com aquilo. O dono do bar desceu mais uma, indiferente ao que estava acontecendo. Quantas garrafas de cerveja nós já tínhamos tomado?  Se ele dissesse que eram trinta, teríamos como contestar? A minha memória estava prejudicada: o álcool e a angústia roubavam-me o equilíbrio e a lucidez. Tudo começava a ficar turvo à minha frente, e, até que eu tivesse certeza de alguma coisa, o dono do bar ia faturar um pouco mais. E para envenenar o ambiente, para insuflar mais ainda a dor e a vontade de beber, achou de colocar uma musiquinha doída pra tocar. Um homem, com o coração destroçado, reclamava do desamor da mulher amada. Vidinha fodida. Parecia até que o mundo todo era só ingratidão.

O certo é que a vida me parecia mais precária ainda naquele instante: um copo de vidro nas mãos de Celso, um isopor cheio de escoriações, um piso com feridas expostas, gangrenadas.
                                                       


Do livro de contos ainda inédito ‘A saga do nada’.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O OLHAR POÉTICO DE AUGUSTO RODRIGUES SOBRE BRASÍLIA




Por Geraldo Lima

O poeta Augusto Rodrigues nasceu em Goiânia em 1974 e morou praticamente a vida toda no Campus II da UFG, em um bairro chamado Itatiaia. Sua família é da Cidade de Goiás – antiga capital do estado –, onde ele tem estudado a procissão do fogaréu há três anos. Hoje mora em Brasília e tornou-se Professor Adjunto de Literatura Brasileira da Universidade de Brasília. Sua vida continua, dessa forma, ligada ao campus universitário. Considera-se um poeta goiano-brasiliense, como José Godoy Garcia, de quem sofreu influência decisiva: “o poeta que ilumina a minha forma e minha sonoridade e até mesmo o trato com as imagens...durante muito tempo foi Drummond, Bandeira e Murilo Mendes... hoje estou mais pro ZéGarcia e pro João Cabral...”, confessa.

O goiano-brasiliense Augusto Rodrigues conheceu a Capital da República ainda na infância, quando ia visitar a madrinha em Formosa. Na adolescência, andou por aqui com movimentos estudantis (sempre na condição de poeta) e para assistir a shows da Legião Urbana. Desde então, ele encantou-se de fato pela Capital da República. Foi seduzido pela modernidade de sua arquitetura e de seu plano urbanístico. Como o poeta Nicolas Behr (ressalvadas as devidas diferenças de estilo e tom), elegeu Brasília como tema. Em Onde as ruas não têm nome (Thesaurus Editora, 2010; Prêmio Fernando Mendes Vianna, ANE), segundo livro do poeta e professor da UNB, essa relação de encantamento com a paisagem brasiliense se aprofunda: “esta noite sonhei que voava/era deserto/era brasília/era concreto concreta construção/voava baixo nesta noite/prédios baixos/céu alto autos/o cerrado cerrado na escuridão/alto e plano da noite arquitetei/era  poema/era poesia/reinvenção/pleno no plano da noite veloz/era eu a cidade/era eu uma vez/imensidão” (concreto deserto decerto).

Já no livro de estreia, Nyemar (Editora Vieira, 2008), Augusto Rodrigues mergulha nos labirintos arquitetônicos e urbanísticos de Brasília. A sua poesia busca os primórdios da cidade, a gênese do seu corpo, as formas que brotaram da prancheta de Niemeyer e Lúcio Costa: “era asa estava/na asa da ave/aérea aeronave/luz escuridão/as asas no chão/as asas no ar/casa de borboleta/estrelas balão/era noite capital/no alto era o ar/no chão as asas/indicavam a direção” (Alas aéreas). Nesse livro, o seu lirismo não abarca ainda o homem que haveria de habitar Brasília ou nela labutar.

O que acontece agora, nesse seu segundo livro, é que a cidade se povoa. O poeta enxerga os seus habitantes ou os que nela labutam. O seu lirismo torna-se mais intenso que no livro de estreia: “Nos olhos d’água mora um homem/do lado de fora/dos olhos d’água/ele mora nos olhos dos homens/ele fala sozinho/ele bebe sozinho/ele dorme sozinho/paratodos/quando sonha seus amigos chegam/um a um – chapéus e chaplins/amigos preenchem o vazio de ser/nos olhos do mundo mora um homem/do lado de fora/da humanidade/ele dorme nos olhos dos homens” (sem temer o chapéu dos olhos).  “primeira manhã de março/uma vontade de caminhar no eixo/uma vontade de comprar jornal na banca/uma vontade de nadar naságuas minerais do fim do mundo” (primeira manhã de março).

 O que se deve observar, no entanto, é que Augusto Rodrigues continua fiel ao seu projeto de desvelar a Capital da República, seja para si mesmo, seja para os leitores. É um projeto poético que tem início, meio e fim. Começa com Nyemar, passa por esse Onde as ruas não têm nome e culmina no A Cidade de poeira, livro ainda no prelo. Vale a pena acompanhar a trajetória poética desse goiano que adotou Brasília de corpo, alma e poesia.


Título: Onde as ruas não têm nome
Autor: Augusto Rodrigues
101 páginas
Editora: Thesaurus Editora
ISBN:978-85-7062-953-1
Preço: R$ 25,00