Por Geraldo Lima
Tento escapar do
clima ruim que invade todos os domínios do país, que asfixia, angustia, adoece,
mas não consigo. Minha consciência lateja e me acorda para o embate. Meu embate
é verbal, mas até isso está se tornando impraticável.
Queria ficar
sossegado, sem dizer nada, porém minha intuição me mantém ligado, radiografando
a realidade e me apontando o absurdo e a falta de visão histórica dos que,
tomados pelo patriotismo, vestem a camisa da Seleção Brasileira e pedem a volta
dos militares. Há os que têm medo da liberdade e do dinamismo das
transformações sociais que libertam da miséria e do abandono milhares de
pessoas. Querem manter o status quo e
retroceder no tempo. Não sabem que a História, nesse caso, só se repete como
farsa?
O ódio que escapa das bocas vociferantes,
destilando preconceitos e intolerância, me assombra e me enche de medo. Viver
vai se tornando então um assombro e um omitir-se sempre. Mas o ser não quer
viver nas sombras e vem à luz descortinar a vida e afastá-la das trevas. A
manhã que se avizinha não pode ser morada do caos e do medo.
A visão
afunilada sobre a questão da corrupção no país, focando apenas um partido, não
nos conduz à solução definitiva dos problemas da política praticada pelos que
se propõem a gerir a coisa pública no Brasil. O gesto tem que ser mais largo,
abarcando amplos setores do espectro político nacional. Fora isso é nos mantermos
na eterna arena de lobos e raposas.
Só não vê que a
Lei está sendo atropelada quem não quer. E se disser que, neste caso, os fins
justificam os meios, só posso lamentar pela visão ética torta e enviesada. Daí,
tenho absoluta certeza, não sai a paz social nem o fortalecimento da democracia
de que tanto precisamos para deixarmos de ser uma “Republica das Bananas” e nos
livrarmos definitivamente da pecha de que não somos um país sério.
(Texto publicado, originalmente, no Jornal de Sobradinho)