segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Duas crônicas




Por Geraldo Lima



Sabe quando você quer ler muito um livro e não o encontra na estante ou na pilha de livros num canto da casa? Você tem certeza (ou acha que tem) de que o comprou, só não se lembra do título (deve tê-lo comprado junto com outros tantos, daí o esquecimento, é bom dizer isso pra coisa não ficar meio absurda), mas quer lê-lo de qualquer maneira, sente-se até angustiado por não encontrá-lo, um leve desespero, vontade de se socorrer de São Longuinho (melhor não se entregar a essas superstições, dar pulinhos, meio ridículo, não?), enfim, de repente bateu a vontade de ler algo daquela autora ou daquele autor, e você comprou o livro dela ou dele (há lacunas na memória, mas, caramba!, então por que veio à mente a ideia de um livro de cujo título você não se lembra, mas sabe que é da autora tal ou do autor tal?!). Você procura por esse livro à exaustão, até desistir e pegar outro livro. Aí, no outro dia, ou dias depois, você resolve dar mais um espiada (a esperança ainda não morreu) e, para seu espanto, lá está o livro! Não o que você pensava existir ou ter comprado, nem mesmo a autoria corresponde à imagem que você tinha na mente. Um outro livro, uma outra autora, um outro autor, mas era de fato aquele que você tanto desejava ler dias atrás.

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Vez ou outra algum banco me telefona avisando que acaba de disponibilizar um crédito na minha conta. Esta semana ligaram. O funcionário me disse: "Seu, Geraldo, acabamos de disponibilizar um crédito na conta do senhor. Está interessado?" Respondi na hora: "Não. Obrigado." Não tenho dinheiro sobrando, mas também não estou ainda no desespero, precisando cair nas garras da agiotagem. Sonho mesmo é com o dia em que algum banco me telefone anunciando (ao som de trombetas celestiais) que, por eu ser um cidadão honesto, desses que pagam regularmente os impostos devidos e as contas pessoais, por eu ter sido até então um trabalhador assíduo e dedicado à profissão, um ser que cultiva a paz e a harmonia social, com uma aura irradiando sempre bons fluidos (e blá-blá-blá-blá...), por conta de tudo isso e muito mais, eles estão disponibilizando o crédito de um milhão (não desejo muita coisa) na minha conta, um presente, seu Geraldo, não precisa nem pagar! Aguardo ansioso esse telefonema das linhas de frente do sistema financeiro.