quinta-feira, 1 de julho de 2010

A POESIA DE HÉLVERTON BAIANO


  
Por Geraldo Lima
Hélverton Baiano é poeta, cronista, contista e jornalista. Nascido em Correntina, BA, em 1960, vive há bastante tempo em Goiânia, GO, participando ativamente da vida cultural da cidade. Já publicou nove livros, entre eles: 69 poesias dos lençóis e da carne (Edição Independente), parceria com Gilson Cavalcante, 1983; É sassá canagem (poemas - livreto xerografado, Edições Porranenhuma, Goiânia, 1989; Algemas de algodão (contos, Ed. Instituto Goiano do Livro, da Agência Goiana Pedro Ludovico Teixeira, Agepel, Goiânia, 2002.
A prosa e a poesia de Hélverton Baiano são marcadas, basicamente, pelo tom crítico, irônico e, às vezes, satírico. O lirismo da sua poesia não exclui a consciência crítica. No livro Paraíso profano, porém, as questões existenciais ganham relevo. O ser no mundo é que interessa ao poeta nesse livro. E temas recorrentes na poesia de todos os tempos estão lá, como a Morte e o Amor: “Sempre a perguntar o porquê dos caminhos/que cruzam e que a sorte e o azar se esganam/a morte é um fio, o poema nos rema/contra a correnteza daqueles que nos enganam” (Remansos). “O amor é roto, sara e fere” (Leve amor) O poeta busca, no campo formal, explorar a sonoridade dos versos com aliterações e assonâncias, aproximando-se, nesse aspecto, da herança da poesia simbolista entre nós: ”os ventres varridos na fúria vingança/vomitam divinos prazeres bisonhos”.

O que disseram sobre a poesia de Hélverton Baiano:
 ”Este livro é construído com a argamassa do solo da alma do autor”. (Geraldo Pereira, poeta).
“Um poeta raro: denso, melancólico, nostálgico, lírico, social e político. Desses que sabem que inventário humano não é feito apenas de palavras e significados, mas, sobretudo, de sentimentos indizíveis e intraduzíveis.” (Carlos Willian, poeta e jornalista)
“Você segue com desenvoltura os caminhos da poesia, com verve e criatividade.” (Nelly Novaes Coelho, professora e escritora)
“Falo do Confecção de poesia, um livro de bolso que, ao contrário do que possa parecer, carrega uma densidade poética de fazer inveja  a muito livro grande...” (Ubirajara Galli, escritor)

TRÊS POEMAS DO LIVRO PARAÍSO PROFANO:
II – A POESIA
Nunca consigo
sem fantasia
ver os contornos
da poesia.

Essa felina
que me adorna
mesmo em senões
ela me entorna.

Nessa viagem
que nunca acaba
sofro a palavra
que em mim desaba.

Mistérios entram
nus em meu mundo
mas só ela escapa
no que confundo.

CARNE SECA
Viajeiros de passos agrestes
passageiros estropiados
plantadores de andanças
e desafiadores de destinos
cerne carne seca
onde o sol a sol fustiga
cáustico
os parcos tons da esperança
no mister de perseguir infinitos.

DESCASO
A que hora o desgraçado vem zombar de nossa luta
sabendo apenas massacrar?

A que hora ele nos traz feridas
em chamas de sangue derramado?

Ainda, a essa hora, diz que nada adianta...

Ele não conhece a aurora!

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