terça-feira, 24 de setembro de 2013

Escuro





Por Geraldo Lima

Deus pariu um universo medonho àquela hora da noite. Ao redor, a vegetação semicerrada criando um obstáculo natural e sinistro. Moitas amoitavam-se grávidas de um perigo mortal. Ilhas de escuridão gestavam fantasmas absurdos: mãos esquálidas estendiam-se para me agarrar e me jogar num abismo de onde eu nunca mais sairia.  

Meu corpo estava gelado. O medo trincava meus ossos.  O cricrilar dum grilo, o voo dum morcego, o piar dum pássaro noturno, tudo crescia em horror e pânico. Mas eu tinha que avançar, cruzar aquele trecho de purgação e mistério, até me reencontrar outro numa clareira qualquer.

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