domingo, 1 de agosto de 2010

XII. ÚBERE.

Por Geraldo Lima

        Primeiro, seduzi-la: vaca acostumada ao sedenho, mas retendo ainda o leite nas reentrâncias do úbere.  Daí que se deixe que a cria, faminta, estimule-a até a ereção das tetas. Com mais precisão, a gramática do vaqueiro: Apojou, danada! Apojar é uma palavra em si mesma cheia, volumosa; por puro preciosismo meu, mania de enfeite, defino-a melhor assim: túmida, tal qual essas tetas  roliças sob as ásperas e precisas mãos  do vaqueiro. Há, no entanto, uma ciência ordenando essa tarefa. Ordenha-se assim: primeiro o indicador premendo a teta, e nessa sequência os outros, mas com tal presteza que mal se percebe um dedo auxiliando o outro nesse ato de arrastar do fundo do ubre o líquido espumoso. Ejaculado com violência, o jato branco bate estrondoso no fundo do balde. Depois, o branco se avoluma, alcança os limites do abismo: maravilhosa espuma se precipitando pela borda!

(Do livro Tesselário, que será publicado pela Ed. Multifoco)

2 comentários:

  1. Sempre achei as vacas muito eróticas. No Goiás, quando as mulheres passam na rua, os homens gritam: ô man-ga-lar-ga! É por aí. Mas você esqueceu o principal, as ancas, o olhar redondo, as astúcias de parideira...

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  2. Procurei focar só o úbere, as tetas. Aproximar o ato de tirar o leite com o de masturbar-se. Mas valeu a sua observação sobre o erotismo das vacas. Concordo. Quem sabe um outro texto falando da vaca como um todo, hein? Obrigado pelo comentário.

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